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Perda

Não gosto de falar das perdas. Tampouco das derrotas. Porém elas estão aqui, ao nosso lado, para que possamos vivenciá-la, para que choremos esta perda ou esbravejemos por cada derrota.
Pois é, meus amigos. Hoje vou falar de uma perda que me trouxe a memória uma perda que tive. Perda essa em que pude vivenciar uma dor que parece infinita, mas que com o tempo se transforma em uma linda e saborosa saudade.
Estava saindo de casa quando recebi uma ligação, em meu celular, vinda de um grande amigo.
Nessa ligação fui informado que meu amigo havia perdido. Tinha acabado de perder uma pedra preciosa. A maior jóia que um ser humano poderia ter, que aliás, é a esta jóia que nós pertencemos e não ela a nós. Uma perda irreparável, porque em nenhum momento de nossa vida pensamos em perdê-la, apesar de ser a única certeza que podemos ter na vida, nunca estamos preparado para ela.
Este meu grande amigo acabara de perder a sua mãe. É, sua mãe. Aquela jóia que lhe trouxe a este mundo. Aquela pedra que, lapidada ou não, lhe ensinou os primeiros passos. Aquela maravilhosa pedra criada para procriar e criar os seus. Aquela que recebeu a grande missão de gerar em seu ventre as criaturas que Deus lhe confiou.
Num choro entupido meu amigo conseguiu, pelo telefone, transmitir não só a notícia do que ocorreu como também toda sua amargura, todo seu rancor pela forma como sua mãe partiu.
No retorno de uma festa, estava com sua família indo pra casa de sua irmã aguardar o amanhecer para ir ao hospital e se consultar, pois iria submeter-se a uma cirurgia cuja finalidade era enxergar melhor, já que sua visão não estava mais como nos seus vinte, trinta anos. Estava perdendo a visão e somente esta cirurgia poderia fazê-la voltar a enxergar como antes, quando ocorreu o acidente.
Não deu tempo. As outras pessoas acidentadas foram para o mesmo hospital em que iria se consultar. Não chegou ao destino. Sua agenda havia sido interrompida por este mortal acidente.
Não tive outra reação senão ir ao encontro de meu grande amigo, solidarizar-me com ele e tentar, de alguma forma, prestar-lhe socorro em tudo o que necessitasse.
Liguei para nosso chefe, já que trabalhamos juntos, e comuniquei o fato que, com total apoio, fui orien-tado a seguir com minha decisão.
Não existe palavra que acalante um coração de um filho que acaba de perder a mãe. Não existe pêsa-mes que acabe com o sofrimento de perder a pessoa mais importante em nossa vida.
Podemos falar que nosso pai é um herói, e o é. O meu transmitiu grandes ensinamentos nos quais me espelho. Ensinamentos com os exemplos que pude perceber na sua humilde existência. Sem dizer pala-vra, bastava seus atos para demonstrar o caminho, mas a mãe é tudo. A mãe é preciosa. A mãe foi quem nos carregou no ventre e nos deu a luz. Afinal, mãe é mãe, e perdê-la é um sofrimento muito grande.
Não perdi a minha, aliás ela é uma jovem gata de 76 anos. Muito jovial para a idade, mas só de imaginar a possibilidade de perdê-la já dói. Imagina meu grande amigo que acaba de sofrer na carne este perda. Dói muito, disse-me ele. Dói também não saber por onde começar, ou recomeçar, com a sua ausência. Ainda mais quando essa preciosidade vive conosco. Principalmente quando faz parte de nossa rotina a convivência permanente e diária com nossa mãe.
Foi assim que meu amigo me mostrou o quanto está perdido. O quanto está sem chão.

Grande amigo, espero que tenhas paz em seu coração e saibas que a dor passa e o que vai restar é uma grande e saborosa saudade dos momentos de alegria, que com certeza não foram poucos.
Estou certo que o espírito de sua amada mãe está descansando e se recuperando para, tão logo se recupere do impacto de sua partida, encontre seus entes que vão prestar-lhe a homenagem de quem acabou de cumprir mais uma missão na terra.
Que Deus em sua infinita misericórdia, abençoe sua alma e também a sua linda família. Que o acalanto divino possa suavisar este vácuo que foi criado com esta perda.

Carlinho Motta

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